terça-feira, 29 de dezembro de 2009

GUIÃO CONJUNTO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

Enquadramento



1. Perfil pessoal e profissional do(a) entrevistado(a)
    1.1 Sexo :
          Masculino □ Feminino □
    1.2 Idade:
          Menos de 35 anos □ Entre 35 e 45 anos □ Entre 46 e 55 □ Mais de 55 anos □
    1.3 Habilitações Literárias ___________________________________________
    1.4. Grupo de Recrutamento _________________________________________
    1.5. Disciplina(s) que lecciona ________________________________________
    1.6 Anos de serviço docente?
          Menos de 5  Entre 5 e 15  Entre 16 e 25  Mais de 25 
    1.7 Exerce actualmente algum cargo de coordenação? Qual ou quais?
    1.8 Ao longo da sua formação adquiriu conhecimentos na área das novas tecnologias da informação ou considera-se um auto-didacta?
    1.9 Utiliza as novas tecnologias da informação em contexto de aula. Se sim, quais os recursos que utiliza e com que objectivos?

2. Nível de conhecimento e participação do(a) entrevistado(a) em redes sociais
    2.1 Das redes sociais que existem, quais as que conhece?
    2.2 Refira, se souber, qual o principal objectivo de cada uma das redes sociais que indicou anteriormente.
    2.3 Encontra-se inscrito em alguma rede social? Se sim, qual ou quais?
    2.4 Que actividades desenvolve nessa rede social?
    2.5 Qual a frequência de utilização dessa rede: mensal, semanal ou diária? Apesar de inscrito, raramente ou nunca acede à mesma.
    2.6 Se a resposta à questão 2.3 for negativa, indique-nos quais as razões porque não se encontra inscrito ou porque não utiliza as redes sociais.
    2.7 E ainda (se a resposta à questão 2.3 for negativa) como vê a sua participação hipotética numa rede social da Internet?
    - Possível, pouco possível ou improvável.

3. Perspectiva crítica do(a) entrevistado(a) sobre as redes sociais
    3.1 - Fale-nos da sua opinião acerca das redes sociais na Internet (mencionar, se necessário, o Facebook, Hi 5, Myspace ou Twitter) e quais as suas implicações no tipo de relações:
    • pedagógicas (notas do entrevistador: entre alunos e professores; possibilidades de interacção; o espaço de aprendizagem; tipos de actividades passíveis de serem desenvolvidas)
    • interpessoais (notas do entrevistador: entre jovens e pessoas das diferentes faixas etárias; tipos de interacção; actividades fomentadas; potencialidades da ferramenta)
    • familiares (notas do entrevistador: possibilidades de interacção, relações reais entre pais e filhos)

4. Expectativas do entrevistado(a) sobre a utilização das redes sociais no ensino
    4.1 Considera que as redes sociais podem ser utilizadas em contexto educativo?
    4.2 Que exemplos pode fornecer de possíveis utilizações educativas das redes sociais?
    4.3 Considera que as redes sociais podem influenciar a prática pedagógica dos professores? De que forma?
    4.4 Considera existirem para os alunos, em termos de aprendizagem, vantagens na utilização educativa das redes sociais?
    4.5 Refira 2 vantagens e duas desvantagens que observa na utilização de redes sociais no ensino.
    5. Validação da Entrevista

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

GUIÃO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

Foi solicitado que cada grupo de trabalho elaborasse uma proposta de guião, de uma entrevista semi-estruturada, inserida num estudo de caso sobre as representações de professores do ensino básico/secundário e tendo três questões de investigação:

1) O que pensam esses professores sobre as redes sociais a exemplo do Facebook, Myspace, Twitter, etc?
2) Como é que vêm a sua (hipotética/real) participação numa rede social?
3) Que expectativas têm sobre o seu uso no ensino?

Posteriormente, os guiões serão discutidos em fórum, com o objectivo de se acertar um guião conjunto, que será usado na realização de entrevistas no terreno.
Guião apresentado pelo grupo MIPERUSA

terça-feira, 24 de novembro de 2009

ANÁLISE DA DISSERTAÇÃO

Depois da análise individual da dissertação de título "O PAPEL DA INTERNET NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO" apresentada por Cidália de Lurdes Pereira Neto, vou tentar responder às seguintes questões:
  • A autora apresenta claramente os objectivos de investigação que presidiram à elaboração do questionário?
  • Na dissertação apresentada há indicação dos passos que estiveram subjacentes à construção do questionário?
  • A amostra é claramente identificada?
  • É indicado o método usado na definição da amostra?
  • O questionário usado foi objecto de validação prévia?
  • No capítulo da explicitação da metodologia usada há indicações sobre o modo de tratamento dos dados obtidos com a aplicação do questionário?


Fica claro a identificação dos objectivos, tanto gerais (pág 13) como específicos (pág. 64), da investigação os quais se traduziram na construção do questionário. Apesar de não estar explícito, em nenhum momento, a indicação dos passos que estiveram subjacentes à construção do questionário parece-me estar implícito que esta teve como base a resposta aos objectivos propostos.

A amostra é claramente identificada na página 65 e são apresentadas as suas escolhas e opções, bem como o método utilizado na definição da amostra, com a identificação dos critérios de selecção.

Em relação aos critérios de selecção achei a sua justificação um pouco superficial e num determinado ponto questionável.
"A escolha destes anos lectivos justifica-se pelo facto de o 8º ano significar a entrada no período da adolescência e possuir características muito próprias relativamente ao sétimo."
Poderemos afirmar que a adolescência se inicia no 8º Ano? E qual a justificação para a escolha do 9º ano?

O questionário em questão foi anteriormente validado (pág. 66) e sofreu algumas alterações.

Quanto ao tratamento de dados é explicitado o uso do Excel (pág. 67) numa perspectiva estatística e os resultados, sempre que possível, são apresentados em percentagens.

Ao analisar os questionários verifica-se a relação entre questões e objectivos propostos, no entanto, fiquei com dúvidas quando, em algumas questões, é dada a hipótese de escolha de mais do que uma opção, através de x, não sendo assim possível determinar o grau de importância dada a cada uma delas.
Algumas questões são colocadas de forma pouco explícita e podem suscitar dúvidas, como a que enumerei anteriormente e a questão 13.

Quanto ao tamanho dos questionários, não me parece que se possam considerar excessivamente grandes já que as questões são de respostas fechadas.

MÉTODO DE RECOLHA DE DADOS POR QUESTIONÁRIO

São vários os métodos de recolha de dados que se podem utilizar numa investigação e cabe ao investigador seleccionar os que respondam melhor aos "objectivos da investigação, do modelo de análise e das características do campo de análise" (Quivy e Campenhoudt, 1995, p. 186).
Na fase de observação será necessário construir os instrumentos de observação que permitam recolher ou produzir a informação. Dependendo do tipo de observação, directa ou indirecta, os instrumentos serão diversificados.
Na observação directa, onde o investigador irá proceder directamente à recolha da informação, será necessário criar um guia de observação onde o investigador registará todos os comportamentos observados.
Na observação indirecta, o investigador conta com terceiros de modo a obter a informação desejada e pode fazê-lo através de questionários ou entrevistas.
Os métodos de recolha de dados podem dividir-se em: (i) Fonte de dados, (ii) entrevistas e (iii) questionários.
As fontes de dados classificam-se por secundárias (estatísticas, bases de dados, indicadores económicos, etc) e primárias (questionários, entrevistas, observação, etc).
Segundo Quivy e Campenhoudt (1995) os questionários consistem num método de colocar questões a um grupo representativo da população. Podem ser "de administração indirecta" quando é o próprio inquiridor a preenche-lo, a partir das respostas dadas pelo inquirido, e "de administração directa" quando preenchido pelo próprio inquirido.
Os questionários podem e sempre que possível, devem ser entregues em mãos, envolvendo assim o inquirido e as razões da sua aplicação bem explicitadas por forma a criar alguma motivação nas pessoas envolvidas, conferindo também alguma seriedade e credibilidade.
Os questionários enviados por via postal são normalmente considerados de pouca confiança pela falta de contacto e motivação. Actualmente os questionários via telefone e Internet são muito usuais.
O método por questionário é aconselhado, segundo Quivy e Campenhoudt (1995), quando se pretende conhecer uma população (modos de vida, costumes, comportamentos, valores e opiniões); analisar um fenómeno social e em todos os casos em que seja necessário questionar um número elevado de pessoas sobre uma dada questão.
As vantagens encontradas neste método prendem-se com a possibilidade de quantificar dados e proceder a relações entre eles, bem como satisfazer a exigência de representatividade do conjunto dos inquiridos. Os limites e os problemas identificados relacionam-se com questões de ordem financeira; a superficialidade das respostas por não permitirem algumas análises; não terem em conta a individualidade dos entrevistados e, quando não são seguidas as regras de construção de questionários ou a escolha da amostragem, a credibilidades dos resultados pode ser posta em causa.
Para a aplicação deste método convém que os investigadores dominem: técnicas de amostragem, de redacção, alguns programas informáticos de gestão e análise de dados de inquéritos e estatística descritiva e análise estatística dos dados.

MÉTODO DE RECOLHA DE DADOS POR ENTREVISTA

Os métodos de entrevista, pelas suas características de proximidade entre entrevistado e investigador, permitem a obtenção de informações e elementos de reflexão muito mais ricos do que com o uso do método por questionário.
O facto da entrevista decorrer frente-a-frente, e a conversa poder ser conduzida e orientada pelo investigador, facilita que o entrevistado exprima percepções, relate acontecimentos e experiências e, que o investigador consiga centrar os seus esforços nas hipóteses de trabalho. Assim, "o conteúdo da entrevista será objecto de uma análise de conteúdo sistemática, destinada a testar as hipóteses de trabalho" (Quivy e Campenhoudt, 1995, p. 192)
Existem vários tipos de entrevistas:
A entrevista semidirectiva, ou semidirigida, normalmente a mais utilizada na investigação social, é orientada por perguntas-guias, relativamente abertas, sobre as quais o investigador tenta receber uma informação por parte do entrevistado. As perguntas-guias são colocadas pela ordem que a conversa, entre ambos, encaminhar. Este tipo de entrevista é mais uma conversa moderada pelo entrevistador.
A entrevista centrada (focused interview) é mais utilizada quando o objectivo se prende em analisar o impacto de um acontecimento ou de uma experiência vivenciada ou assistida pelo entrevistado. O entrevistador tem uma lista de tópicos precisos relativos ao tema em estudo e no decorrer da entrevista vai abordando-os da forma como se desenrolarem ao longo da conversa.
Se por outro lado o objectivo for a análise de histórias de vidas utiliza-se um método de entrevistas extremamente aprofundado e pormenorizado, aplicado a poucos interlocutores, sendo assim, estas muito mais longas e divididas em várias sessões.
Segundo Quivy e Campenhoudt as entrevistas são adequadas para objectivos:
A análise do sentido que os actores dão às suas práticas e aos acontecimentos com os quais se vêem confrontados;
A análise de um problema específico;
A reconstituição de um processo de acção, de experiências ou de acontecimentos do passado.

A entrevista, segundo Quivy e Campenhoudt (1995), tem como principais vantagens o grau de profundidade que se consegue obter dos elementos em análise e a flexibilidade e a fraca directividade do dispositivo que permite recolher os testemunhos e as interpretações dos interlocutores.
Por outro lado, esta flexibilidade também é considerada uma desvantagem, pois pode intimidar todos os que não conseguirem trabalhar sem directivas técnicas precisas.
Também é apontada pelos referidos autores, como desvantagem para o uso das entrevistas o facto de, contrariamente ao método por questionário, as informações recolhidas não se apresentarem prontas para efectuar análises particulares. Deste modo, os métodos de recolha e de análise das informações devem ser construídos conjuntamente.
Outra limitação detectada na aplicação de entrevistas, e ainda ligada à sua flexibilidade enquanto método, é o facto de se poder acreditar numa completa espontaneidade do entrevistado e numa total neutralidade do investigador.
Em investigação social a utilização do método por entrevistas está sempre ligada ao método de análise de conteúdo.
Para aplicar o método, o investigador deve estar apto para retirar o máximo de elementos interessantes da entrevista, valendo-se da sua formação teórica e lucidez epistemológica, mais concretamente, do conhecimento teórico e prático elementar dos processos de comunicação e de interacção interindividual, e formação prática nas técnicas de entrevista.

Existem vários tipos de entrevistas: não estruturadas, estruturadas; face a face e telefónicas.
As entrevistas face a face ou directas têm como vantagens poder-se alterar, adaptar ou adoptar as questões consoante o caminho que a "conversa" levar; conseguir percepcionar-se algumas pistas não verbais e poder-se clarificar duvidas que poderão surgir. No entanto, é um método caro, com limitações geográficas, que necessita de alguns cuidados em termos de fiabilidade, ou seja, o investigador tem de conseguir um certo distanciamento e nunca fazer juízos de valor, que podem constranger o entrevistado e alterar os resultados, para além de ser um método em que a confidencialidade é muito dificilmente assegurada.
As entrevistas telefónicas têm como vantagens evitarem algum desconforto que pode existir nas entrevistas face a face e conseguir-se efectuar um elevado número de chamadas por dia. Porém, nas entrevistas telefónicas os entrevistados tendem a dar respostas mais curtas ou simplesmente desligar a chamada e não responder.
As entrevistas não estruturadas podem ser úteis numa fase exploratória, ajudam a desenvolver melhor os quadros teóricos e a desenvolver melhor questionários e entrevistas estruturadas. Enquanto que as entrevistas estruturadas poupam tempo e contribuem para codificar a informação.

Ao optar-se por o método por entrevista e antes de construir um guião de entrevista é necessário:

  • decidir o que se pretende;
  • questionar o que é necessário, se o método será a melhor forma de recolher a informação pretendida;
  • delinear um esquema de questões;
  • escolher o tipo de entrevista;
  • refinar as questões;
  • considerar posterior análise das respostas.

Depois do guião elaborado será aconselhável:

  • testar o esquema e revê-lo se necessário;
  • evitar parcialidade;
  • seleccionar os entrevistados;
  • marcar as entrevistas;
  • requerer autorizações hierárquicas;

Ao realizar a entrevista o investigador deve:

  • indicar claramente o objectivo da entrevista;
  • controlar e tentar manter o tempo previsto para a sua duração;
  • verificar exactidão de dados com o entrevistado;
  • requerer autorização caso opte por gravação de voz e/ou vídeo;
  • ser honesto e usar de bom-senso

Fontes:

BELL, J. Como Realizar um Projecto de Investigação. Lisboa: Gradiva, 1997

QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 2008

http://www.uac.pt/~jpedro/medoogia_investigacao/200809/cap6.ppt (consultado Novembro 2009)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

PLANEAR UMA INVESTIGAÇÃO

Exercício proposto:
Suponham que estavam na fase de elaborar um projecto de investigação. Esse projecto de investigação teria de ser apresentado à coordenação do mestrado e a um possível orientador. Suponham ainda que cada um procurava, antes de proceder à entrega do projecto, pedir a outro colega para analisar o projecto e avaliar até que ponto esse projecto daria origem a uma investigação exequível, com sucesso e cujos resultados viriam acrescentar algo à investigação já produzida na área.
Suponham também que a esse projecto faltava um (ou mais) dos passos a seguir enunciados. Que consequências poderiam advir?
1. a formulação do problema de investigação?
2. a revisão da literatura (estado da arte à volta da problemática em que se insere o problema)?
3. a assunção de qual o paradigma dominante em que se inseria a investigação?
4. a explicitação dos objectivos da investigação? ou a especificação das hipóteses de investigação? (tendo em conta o ponto anterior)
5. a explicitação dos métodos de investigação?
6. a caracterização da amostra ou do caso a estudar?
O que diriam ao colega?
1. A formulação do problema de investigação?


Sendo a pergunta de partida a base de qualquer investigação não seria possível iniciar um processo investigativo sem esta parte, pois o sucesso de uma investigação parte da escolha de um primeiro fio condutor que nos vai permitir estruturarmo-nos com coerência.

2. a revisão da literatura (estado da arte à volta da problemática em que se insere o problema)?

" Todo o trabalho de investigação se inscreve num continuum e pode ser situado dentro de, ou em relação a, correntes de pensamento que o precedem e influenciam" (Quivy e Campenhoudt, 1995, p. 50).
Não nos podemos cingir aos nossos conhecimentos, seria muito presunçoso acreditarmos que conseguiríamos levar a cabo uma investigação sem outras referências reconhecidas.

3. a assunção de qual o paradigma dominante em que se inseria a investigação?

O paradigma, como um conjunto de verdades, conceitos e teorias, servem para orientar o pensamento e a investigação. São o modo como entendemos o mundo. Assim sendo, mesmo inconscientemente, seguimos uma orientação teórica na investigação.

4. a explicitação dos objectivos da investigação? ou a especificação das hipóteses de investigação? (tendo em conta o ponto anterior)

Tendo a orientação teórica definida, será necessário explicitar/definir tanto os objectivos como as hipóteses da investigação, criando assim um caminho de trabalho. O que queremos compreender e como o vamos fazer????
As hipóteses vão traduzir o espírito de descoberta, que caracteriza qualquer trabalho científico.
" O trabalho empírico não se limita, portanto, a constituir uma análise do real a partir de um modelo de análise; fornece ao mesmo tempo o meio de o corrigir, de o matizar e de decidir, por fim, se convém aprofundá-lo no futuro, ou se, pelo contrário, vale mais renunciar a ele" (Quivy e Campenhoudt, 1995, p. 120).

5. a explicitação dos métodos de investigação?

É essencial definir que métodos iremos utilizar durante a investigação e escolhermos os mais adequados.
Será necessário, depois de constituir as hipóteses e os conceitos, proceder à observação testando assim, os factos.
Para a observação temos de colocar três questões: observar o quê? em quem? como?
Para que possamos recolher informações que traduzam o conceito e nos permitam verificar as hipóteses teremos de utilizar instrumentos e métodos de recolha de informações. Os métodos são variados, entre, entrevistas, inquéritos, observação directa ou indirecta, etc, sendo os mais adequados os que nos permitirão responder às questões colocadas.

6. a caracterização da amostra ou do caso a estudar?
Depois de identificar os dados que deverão ser recolhidos e o instrumento a utilizar para essa recolha, o passo seguinte consiste em defiir um processo de amostragem adequado.
No processo de recolha de dados é necessário desenvolver um processo sistemático que assegure a fiabilidade e comparabilidade desses dados. O plano de amostragem deverá começar por determinar qual o nível de extensão geográfica em que o processo de amostragem deverá ser conduzido (mundial, nacional, regional, urbano, rural, grupo de indivíduos, etc.).
A construção da amostra envolve várias etapas igualmente importantes: (i) A identificação da população alvo; (ii) O método de selecção da amostra; (iii) A dimensão da amostra.
A caracterização da amostra é importante para se contextualizar o estudo.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

ETAPAS DO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO

Pegando nos princípios fundamentais de uma investigação, apresentados por Quivy e Campenhoudt (2008), podemos dividir uma investigação em três grandes fases, sub-divididas em sete etapas:

1. Ruptura

  • Pergunta de partida
  • Exploração
  • Problemática

2. Construção

  • Problemática
  • Construção do modelo de análise

3. Verificação

  • Observação
  • Análise das Informações
  • Conclusões

A fase da Ruptura é onde o investigador "deve" quebrar preconceitos e falsas evidências que dão a ilusão de compreensão das coisas. Na fase de Construção, pretende-se que o investigador consiga definir as proposições explicativas do fenómeno a estudar, delinear o plano de pesquisa e as operações e, prever as consequências esperadas. A ultima fase, a da Verificação, pretende que através da verificação dos dados se possa inserir a investigação no estatuto científico.
Penso que estas três fases podem ser consideradas comuns a qualquer paradigma seguido pelo investigador, sendo depois, diferenciada nas etapas a seguir, nomeadamente nas metodologias utilizadas e métodos aplicados.
A etapa mais importante e fundamental, na construção de uma investigação, é a pergunta de partida. Investigar é procurar o (um melhor) conhecimento e para isso devemos definir muito bem um fio condutor, evitando desvios e angústias, mesmo que este seja provisório e reformulado numa etapa seguinte.
Uma boa pergunta de partida deve ser: (i) clara, por forma a evitar-se várias interpretações da mesma; (ii) exequível, ou seja, realista principalmente no que respeita aos recursos pessoais, materiais e técnicos; (iii) e pertinente, evitando cair em juízos de valor mas sim, tentando compreender. Para isso, a pergunta deve ser "aberta", dando espaço a várias respostas e não a uma resposta preconcebida; deve abordar o estudo do que existe ou já existiu, e não do que se prevê que vá existir.
A segunda etapa, a da Exploração, vem dar consistência à pergunta formulada através de um trabalho de leituras, entrevistas ou outros métodos exploratórios. Com as leituras o investigador mune-se de informações já recolhidas por outras investigações sobre o tema de estudo, seguindo ou alterando as correntes de pensamento. Nesta prática é comum o investigador se perder com muitas informações e portanto é essencial seleccionar-se criteriosamente um pequeno número de leituras, que sejam proveitosas, que estimulem a reflexão crítica e a imaginação do investigador. As entrevistas podem ser úteis como complemento das leituras, pois podem permitir ao investigador um primeiro contacto com/ sobre os objectos de estudo, de uma forma não directiva, em forma de conversa, permitindo assim novas ideias.
No final desta fase o investigador pode reformular a sua pergunta de partida.
A terceira fase, a Problemática, diz respeito à forma como o problema vai ser abordado e, pode-se desenvolver em dois momentos: na realização de um balanço das problemáticas possíveis partindo dos estudos exploratórios e, na escolha do quadro teórico que sustenta a investigação.
A quarta etapa, a da Construção do modelo de análise, consiste em definir as dimensões e os indicadores dos conceitos e, levantar hipóteses.
A quinta etapa, a Observação, compreende o conjunto de procedimentos que vão confrontar o modelo de análise com os dados observáveis. A escolha do método utilizado nesta etapa depende das hipóteses levantadas e que tipo de informações pretendemos recolher de modo a recolher dados pertinentes.
A sexta etapa, a da análise das informações, trata a informação recolhida na fase anterior com vista a comparar os resultados obtidos com os esperados a partir das hipóteses.
Na última etapa, a das conclusões, é apresentado o resultado da investigação seguindo três fases: apresentação da retrospectiva dos procedimentos adoptados, dos contributos para o conhecimento originados pelos estudo e, das considerações de ordem prática.


Quivy, R., Campenhoudt, L. V. (2008). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Fluxograma Etapas do Processo de Investigação

Produzido pelo grupo Miperusa

PARADIGMAS DA INVESTIGAÇÃO EM EDUCAÇÃO

No Séc. XIX o Positivismo tornou-se no modelo único e global, onde conhecer significava quantificar, ou seja, tudo o que não fosse quantificável passava a ser irrelevante.

Grande parte das investigações em Educação pautaram-se por este modelo, e trouxeram avanços significativos na forma como encaramos o ensino, a aprendizagem e a educação mas tornou-se muito limitativa, principalmente quando os investigadores se começaram a interessar pela forma do pensamento cognitivo. Havia a necessidade de recorrer à observação, de submeter os sujeitos a entrevistas e de registar as suas formas de pensamento.

As análises de Kuhl (1970) foram responsáveis pela mudança de paradigma por o anterior se mostrar incapaz de resolver ou responder a problemas que se iam colocando. Apareceu assim a investigação qualitativa (também conhecida como interpretativa), dando mais importância aos pormenores descritivos.

No paradigma qualitativo são consideradas várias interpretações da realidade, consoante o número de investigadores que a interpretam.

Os modelos utilizados entre os dois métodos de investigação, quantitativa e qualitativa, também diferem. Pode-se afirmar que o objectivo primordial da investigação quantitativa é generalizar os dados obtidos a toda a população e para isso, utiliza métodos estatísticos. Na investigação qualitativa recorre-se mais à participação observante e à entrevista em profundidade.

Tentando aprofundar as formas de pesquisa qualitativa, Godoy (1995) identifica três diferentes possibilidades de abordagem:

  1. a pesquisa documental, com a análise de materiais ainda não tratados analiticamente ou reexaminados com o intuito de uma nova interpretação. Esta abordagem é muito utilizada quando se pretende estudar pessoas a que não temos acesso físico, ou por estarem distantes ou terem morrido;
  2. o estudo de caso, onde se faz uma análise aprofundada de uma unidade de estudo visando o exame detalhado de um ambiente, de um sujeito ou de uma situação em particular;
  3. a etnografia, oriunda da Antropologia tem-se destacado como uma das mais importantes abordagens. Este método envolve o contacto directo do investigador, utilizando técnicas de observação, participação nas actividades e contacto directo com o objecto de estudo.

Muitos teóricos e investigadores consideram que a combinação entre os métodos quantitativo e qualitativo, numa investigação, são uma mais valia. Para Duffy (1987) os benefícios traduzem-se na possibilidade de:

  1. complementar controle dos desvios (quantitativa) com compreensão da perspectiva dos agentes envolvidos no fenómeno (qualitativa);
  2. juntar identificação de variáveis específicas (quantitativa) com uma visão global do fenómeno (qualitativa);
  3. completar um conjunto de factos e causas associados à metodologia quantitativa com uma visão de natureza dinâmica da realidade;
  4. enriquecer constatações obtidas sob condições controladas com dados obtidos dentro do contexto natural da sua ocorrência;
  5. reafirmar a validade e confiabilidade das descobertas pelo emprego de técnicas diferenciadas.

Na investigação contemporânea em educação não se colocou de parte nenhum destes paradigmas, no entanto, cada vez mais é utilizada a investigação qualitativa que segundo Bogdan (1994) se caracteriza por cinco pontos: (i) a fonte directa de dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento principal; (ii) é descritiva; (iii) os investigadores interessam-se mais pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos; (iv) os investigadores tendem a analisar os seus dados de forma indutiva e (v) o significado é de importância vital na abordagem qualitativa.


O terceiro paradigma é o Sócio-crítico, que segundo Bravo (1998) se baseia-se nos seguintes pressupostos: (i) nem a ciência nem os procedimentos metodológicos empregues são “assépticos” puros e objectivos. A investigação constrói-se a partir das necessidades naturais da espécie humana e depende das condições históricas e sociais. A ciência é apenas um tipo de conhecimento entre outros; (ii) o tipo de explicação da realidade que oferece a ciência não é objectiva nem neutral. De acordo com as teorias do conhecimento de Habermas o conhecimento humano possui três interesses: técnico, prático e emancipatório; (iii) é a ideologia que possibilita a compreensão do real de cada indivíduo, descobrindo os seus verdadeiros interesses. A emancipação realiza-se nos aspectos libidinal, institucional e ambiental.

BOGDAN, R., BIKLEN, S. (1994) – Investigação Qualitativa em Educação. Colecção Ciências da Educação. Porto: Porto Editora, 1994.
BRAVO, C.; EISMAN, B. (1998) – Investigación Educativa. 3ª Ed. Sevilha: Ediciones Alfar, 1998.
DUFFY, Mary E., Methodological triangulation: a vehicle for merging quantitative and qualitative research methods, In Journal of Nursing scholarship, 19(3), 1987, p. 130-133
GODOY, Arilda S., Pesquisa qualitativa - tipos fundamentais, In revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 3, Mai/Jun. 1995, p. 20-29
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-32831997000200004&script=sci_arttext&tlng=pt (acedido em 20/10/09)
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/ichagas/mi2/Fernandes.pdf (acedido em 22/10/09)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

INTRODUÇÃO

Este blogue tem o intuito de acompanhar o percurso realizado no âmbito da Unidade Curricular de Metodologias de Investigação em Educação, do Mestrado em Comunicação Educacional Multimédia, pela Universidade Aberta.
Neste espaço conto anotar comentários pessoais sobre leituras e pesquisas realizadas, além de reflexões sobre o trabalho desenvolvido.
  • Investigação: Indagação ou pesquisa que se faz descobrindo, examinando e interrogando. (Fonte: Priberam)

Sequência das Actividades de Aprendizagem

Tema 1: O processo de investigação
Actividade 1 : O processo de investigação
Decorre entre dias 7 e 31 de Outubro
Competências a desenvolver:
- Realizar pesquisas e analisar bibliografia sobre o processo de investigação
- Analisar criticamente um relatório de investigação
- Caracterizar vários métodos de investigação em educação
- Reflectir e debater sobre as etapas do processo de investigação
-Argumentar de forma sustentada sobre diferentes métodos de investigação.
Descrição:
1º) Pesquisa e estudo individual;
2º) Análise (individual ou em equipa) de uma dissertação de mestrado
3º) Organização em equipa de um fluxograma relativo às etapas de uma investigação
4º) Discussão em fórum dos fluxogramas produzidos; debate sobre as etapas do processo de investigação; debate sobre os métodos de investigação em educação. A discussão decorre entre os dias 26 e 31 de Outubro.

Tema 2: A recolha de dados numa investigação
Actividade 2 : Métodos e instrumentos de recolha de dados
Decorre entre dias 2 de Novembro 2009 a 2 de Janeiro 2010
Competências a desenvolver:
- Pesquisar e debater métodos e intrumentos de recolha de dados
- -Analisar criticamente os métodos e instrumentos de recolha de dados de um relatório de dissertação
-Analisar criticamente um relatório de investiação
- Aplicar instrumentos de recolha de dados
-Argumentar de forma sustentada sobre métodos e instrumentos de recolha de dados
Descrição:
1º) Pesquisa individual e de equipa: Visão global - questionários, entrevistas, observação.
2º) Análise individual ou em equipa sobre a utilização do questionário numa dissertação
3º) Debate em fórum geral sobre metodos quantitativos de recolha de dados
4º) Pesquisa individual e de equipa sobre a utilização da entrevista e técnicas da entrevista
5º) Preparação em equipa do guião para uma entrevista
6º) Discussão em fórum dos guiões produzidos pelas equipas e elaboração de um guião comum a todos os participantes
7º) Realização de entrevistas no terreno.

Tema 3: A análise de dados
Actividade 3 : Processos de análise de dados
Decorre entre dias 4 de Janeiro a 5 de Fevereiro
Competências a desenvolver:
- Pesquisar e debater processos de análise de dados (quantitativa qualitativa).
- -Analisar criticamente o processo de análise de dados de um relatório de dissertação
-Analisar criticamente um relatório de investiação
- Aplicar técnicas de análise de dados
-Argumentar de forma sustentada sobre processos e técnicas de análise de dados.
-Discutir a fiabilidade de uma investigação
Descrição:
1º) Discussão, em fórum geral, sobre a análise do tratamento de dados efectuado numa dissertação.
2º) Transcrição das entrevistas efectuadas
3º) Discussão em fórum sobre a análise de entrevistas
4º) Análise e interpretação em equipa das entrevistas realizadas
5º) Discussão geral em fórum sobre a discussão de resultados numa investigação e sobre a fiabilidade de uma investigação.

Tema 4: Problemáticas de investigação em Comunicação Educacional
Actividade 4 : A revisão da literatura e o estado da arte
Decorre entre dias 7 e 18 de Fevereiro
Competências a desenvolver:
-Realizar pesquisas relevantes e seleccionar a informação relevante para os fins em vista
-Proceder a uma revisão da literatura sobre um dado campo, analisando criticamente a informação pesquisada
Descrição:
1º)Pesquisa pessoal sobre investigações realizadas no âmbito da Comunicação Educacional
2º) Discussão, em fórum geral, sobre as problemáticas de investigação em Comunicação Educacional.