segunda-feira, 8 de março de 2010

RECTA FINAL

O 2º semestre está mesmo na recta final e hoje, a Unidade Curricular de Metodologia de Investigação Educacional termina. O percurso foi enriquecedor, algumas vezes norteado por muitas incertezas e dúvidas que foram sendo ultrapassadas com muitas leituras, muita colaboração entre o grupo de trabalho e o grupo turma e sempre muito reflectivo.
Nestes meses contactámos com vários procedimentos metodológicos que norteiam e permitem a realização de uma investigação no campo da Educação. Analisámos os métodos possíveis, os instrumentos de recolha e de análise de dados, reflectindo sobre as respectivas vantagens e desvantagens, desenvolvendo assim as competências necessárias para a realização da dissertação de mestrado.
O desconhecido é sempre um estado que provoca alguma ansiedade, incerteza e muitas dúvidas, neste sentido, as pesquisas e leituras realizadas foram imprescindíveis para a evolução sentida ao longo deste processo, mas a troca de ideias e as dicussões em grupo foram, sem dúvida nenhuma, essenciais para a produção do conhecimento e dissipar vários obstáculos que foram aparecendo.
Considero que mantive uma postura, ao longo do desenvolvimento das várias actividades, interessada, motivada, crítica, colaborativa, tendo cumprido todos os prazos e todas as tarefas propostas. Infelizmente por alguns contratempos pessoais, irrecuperáveis, no mês de Dezembro nem sempre consegui ter o estado de espírito e a motivação necessária para uma participação mais activa e relevante na discussão geral, no entanto, fiz um enorme esforço por me manter diariamente informada, por analisar atentamente todas as propostas apresentadas pelos diferentes grupos de trabalho e dar a minha opinião.
Os trabalhos realizados em equipa foram sempre profícuos, resultado de um verdadeiro trabalho em equipa, colaborativo, onde todos os elementos do grupo participaram activamente sempre com uma postura solidária, interventiva e crítica. As características do meu grupo de trabalho, os Miperusas, por nos termos mantido juntos desde o inicio deste Mestrado criando uma enorme empatia e conhecimento entre os diferentes elementos do grupo, possibilitou que o processo fosse muito agradável, motivador e descontraído produzindo resultados bastante satisfatórios e lucrativos.
O pequeno trabalho no terreno, realizado pelo grupo de trabalho, foi, pelas suas características práticas, o que considerei mais motivante e também o que mais me provocou inseguranças e dúvidas.
Nesta fase sinto-me um pouco mais segura para levar a cabo uma investigação, por sentir que estou munida das ferramentas e recursos necessários, apesar das incertezas e dúvidas se manterem, mas essas fazem parte do processo e também nos permitem a uma reflexão mais crítica e aprofundada das questões em estudo.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

DESIGN-BASED RESEARCH

Investigação Aplicada sobre o Desenho (design-based research) (DBR) é uma metodologia de investigação desenvolvida como uma forma de melhorar as práticas educativas através de pesquisas prévias, levadas a cabo no terreno, em contexto real, com a colaboração directa de investigadores e professores.

Segundo Design-Based Research Collective (2003) “design-based research can help create and extend knowledge about developing, enacting, and sustaining innovative learning environments.”

As cinco características básicas da DBR, segundo Wang e Hannafin (2005), são: “Pragmatic, Grounded, Interactive, iterative and flexible, Integrative, and Contextual” (p. 7).

- Pragmática porque tem como objectivos solucionar problemas reais, criando, através de processos de investigação, tanto ferramentas como teorias;

- Fundamentada na teoria e no contexto real;

- Interactiva por requerer a colaboração entre pesquisadores e profissionais; iterativa e flexível por ao longo da investigação as teorias e intervenções sofrerem constantes mudanças e melhorias;

- Integradora porque os investigadores utilizam vários métodos e abordagens de investigação;

- Contextualizada porque os resultados da investigação são “connected with both the design process through which results are generated and the setting where the research is conducted” (Wang & Hannafin, 2005, p. 11).

A DBR não se limita a investigar mas também a propor novas práticas educativas e a apresentar os seus resultados. Segundo Edelson (2002) a DBR pode gerar três tipos de teorias: Domínio das Teorias, que descrevem as situações de aprendizagem e suas interacções; Quadro de Design, que fornece orientações para um projecto e Metodologias do Design, que servem de directrizes para a implementação do projecto e pelas suas características iterativas podem servir de base a novos projectos.

Podem-se identificar como benefícios da DBR a sua contribuição prática, a contribuição teórica em contextos reais, uma melhor relação entre a teoria e a prática e entre os investigadores e os profissionais, melhorar e gerar reclamações baseadas em evidências sobre a aprendizagem e providenciar um conjunto de ferramentas metodológicas úteis a investigadores interessados em perceber as variáveis num contexto educacional real.

As perspectivas críticas deste modelo prendem-se com a ausência de padrões que identifiquem quando um projecto deve ser abandonado, estar sob-conceituado, poder produzir um excessivo número de dados e de análise de dados e a dificuldade em fazer generalizações entre os participantes.


Conselhos para se iniciar uma DBR

1. Identificar um problema significativo enfrentado por qualquer elemento de uma comunidade educativa

2. Colaborar com os profissionais pois duas características distintivas do processo de DBR são estar centrada em contextos do mundo real e trabalhar em estreita colaboração com as partes interessadas nessas definições

3. Integrar teoria sólida sobre aprendizagem e ensino, a teoria pode variar dependente da natureza do problema

4. Realizar revisão da literatura, análise das necessidades, etc para gerar questões de pesquisa

5. Design de Intervenção Educacional, dando inicio ao processo de resposta ao problema identificado, a intervenção educacional fundamentada num sólido quadro teórico é concebida e aplicada em contexto real sendo assim testada. Segundo Joseph (2004), “design researchers generally target questions central to the design of the intervention itself” (p. 236).

6. Desenvolver, implementar e rever o projecto de intervenção.

7. Avaliar o impacto da intervenção.

8. Iterar o processo. Como mencionado por Cobb et al. múltiplas fontes de dados, observações, entrevistas, inquéritos e outras documentações irão resultar em "rigorosas, empiricamente fundamentadas alegações e afirmações" (p. 12).

9. Relatar DBR. É importante relatar o processo de investigação, dando assim a conhecê-lo, pois é susceptível de constantes evoluções. Ao relatar projecto de investigação, os investigadores precisam considerar, incluindo (a) metas e os elementos do design, (b) ambientes educativos, (c) uma descrição de cada fase, (d) resultados e conclusões e (e) lições aprendidas (Collins et al., 2004).

Referências Bibliográficas
Cobb, P., Confrey, J., deSessa, A., Lehrer, R., & Schauble, L. (2003). Design experiments in educational research. Educational Researcher, 32(1), 9-13.

Collins, A., Joseph, D., & Bielaczyc, K. (2004). Design research: Theoretical and methodological issues. The Journal of the Learning Sciences, 13(1), 15-42.

Design-Based Research Collective. (2003). Design-based research: An emerging paradigm for educational inquiry. Educational Researcher, 32(1), 5-8.


Edelson, D. C. (2002). Design Research: What we learn when we engage in design. Journal of the Learning Sciences, 11(1), 105-121.

http://projects.coe.uga.edu/dbr/explain01.htm#references consultado em Fev. 2010

Joseph, D. (2004). The practice of design-based research: Uncovering the interplay between design, research, and the real-world context. Educational Psychologist, 39(4), 235-242.

Wang, F., & Hannafin, M. J. (2005). Design-based research and technology-enhanced learning environments. Educational Technology Research and Development, 53(4), 5-23.

Mapa de Interpretação da Entrevista

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Analise De Conteudo Matriz

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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA

Entrevista semi-estruturada



Questões de investigação:


1) O que pensam esses professores sobre as redes sociais a exemplo do Facebook, Myspace, Twitter, etc?
2) Como é que vêm a sua (hipotética/real) participação numa rede social?
3) Que expectativas têm sobre o seu uso no ensino?

1. Perfil Pessoal e profissional do(a) entrevistado(a)
1.1 Sexo : Feminino
1.2 Idade: Entre 35 e 45 anos
1.3 Habilitações Literárias: Mestra em Educação e Sociedade.
1.4. Grupo de Recrutamento: 910- Educação Especial.
1.5. Disciplina que lecciona: Educação Especial.
1.6 Anos de serviço docente? Entre 16 e 25
1.7 Exerce actualmente algum cargo de coordenação? Qual ou quais? Sim, Coordenadora do Serviço Especializado dos Apoios Educativos.
1.8 Ao longo da sua formação adquiriu conhecimentos na área das novas tecnologias da informação ou considera-se um auto-didacta? Auto-didacta. Na Formação inicial tive contacto com o projecto Minerva, ainda em MS-Dos, que despoletou a curiosidade e o à vontade em mexer no computador.
1.9 Utiliza as novas tecnologias da informação em contexto de aula. Se sim, quais os recursos que utiliza e com que objectivos? Nós neste momento utilizamos na sala de educação especial temos aaa quatro computadores, finalmente, com ligação à internet em rede, pelo q este ano já permite a utilização das novas tecnologias os recursos são basicamente o apoio aos alunos aaa cujo um professor de História tem um trabalho numa sala virtual, e tem uma plataforma Moodle e portanto eles fazem lá muito trabalho dessa natureza com o meu apoio. São seis alunos com necessidades educativas especiais.
Depois com os outros alunos com necessidades educativas especiais utilizo bastante aaaa, plataformas com aplicações de jogos educativos sobretudo, que me permitem trabalhar a atenção, a concentração, a memória, ahummm a organização espacial, basicamente é isso.
Também tenho softwares específicos para trabalhar a educação especial nomeadamente o mimocas, ou o mimocas para Língua Portuguesa e o mimocas p a matemática. É uma aplica…, um software de uma instituição de educação especial.

2. Nível de conhecimento e participação do(a) entrevistado(a) em redes sociais
Twitter, Facebook, hi5, ahumm, o Messenger, o Msn, claro [sorriso] e o Icq acho q já n existe mas hum… mas foi a minha 1ª [gargalhada]
O hi5 eu nunca utilizei [silêncio] porque tenho preconceito. No Facebook e o Twitter fiz o meu registo, sendo que o Twitter só registei, não utilizo. Utilizo o Facebook.
Tenho preconceito [hi5] porque, é um preconceito nada fundamentado porque nunca lá entrei, porque as pessoas que eu ouvia falar que tinham o hi5 aaaaa colocavam lá uma série de informação muito pessoal eeee isso a mim… ah! e que estava disponibilizada para toda a gente e isso a mim coloca-me algumas reservas porque eu não me apetece ter a minha informação disponível para toda a gente.
Nível etário, pode ter. É um preconceito que também se baseia não só em nível etário mas também aaa em nível cultural, se quiseres, [riso], é uma coisa menos boa de se dizer…[riso] mas é um preconceito e eu assumo-o como um preconceito.

[Objectivos das Redes Sociais]
Não sei se sei, eu sou muito autodidacta portanto eu acho que nem nunca li o protocolo de iniciação aquilo, aaa basicamente eu tenho os meus objectivos, posso-te falar do meu objectivo.
O meu objectivo com o Facebook, depois acabei por não utilizar o Twitter, também seria esse, mas não me faz sentido trabalhar em duas redes em simultâneo, tem que ver com a aproximação aaaa, a pessoas que estão a uma distância de mim, distância geográfica, que não me permitiria contactar ou então o contacto imediato com pessoas quee estão à minha volta mas com as quais eu, pela vida profissional que tenho, pelo pouco tempo que tenho, não consigo ter, aaaaaaa tem ainda outro, outra coisa fantástica, que me permite encontrar pessoas que eu já não via há que tempos e que já fizeram parte da minha vida e portantooo [silêncio] tem muito a ver com isso. Manter relações, recuperar relações e simultaneamente há um aspecto no Facebook q a mim me agrada particularmente que é a adesão a algumas causas. E portanto eu consigo ter um contacto muito directo com alguns movimentos sociais e de natureza politica, que de outra forma eu teria de ir à procura da informação dispersa.

[outra utilização dada]
E da conversa imediata não é, que tem lá o chat, hum … acho q não é mais… Basicamente p ir contactando com as pessoas e simultaneamente é quase como ummm diário das minhas emoções às vezes, que é um espaço onde eu posso lá colocar o que me vai na alma e o que me revolta de vez em quando [riso] ou então o q me faz sentir muito bem. Eu tinha antes um blogue aa, e o blogue deixei de o manter porque estas coisas são tão imediatas no Facebook e simultaneamente também consigo partilhar com os meus amigos coisas que para mim são importantes e que eu gosto, como músicas, livros…

[Frequência de utilização]
É muito variável… hum, é praticamente diária mas eventualmente há dias em que eu não vou lá, há dias que, se eu estiver a trabalhar em casa, estou permanentemente ligada. Neste momento como o meu telefone tem outro recurso, que é poder utilizar o Facebook, também é uma coisa que estou a começar a, a fazer, que é… a ler, a, a ter acesso a acessar à minha página e simultaneamente também poder passar para lá os meus pensamentos [Riso]

3. Perspectiva crítica do(a) entrevistado(a) sobre as redes sociais
[perspectiva Pedagógica]
Não, não tenho [silêncio] No Facebook eu não utilizo nessa perspectiva [silêncio] eu sou, o Facebook é um espaço para mim de relação interpessoal, com as pessoas que, para mim, são importantes ou com quem eu tenho afinidades de natureza, como eu dizia à pedacinho, politica, religiosa, cultural, tenho alguns colegas q fazem parte dos meus amigos que estão… quem eu autorizei e confirmei serem meus amigos e são meus colegas de trabalho, mas nunca falamos de trabalho aa no Facebook, a menos que um dos meus pensamentos sejam à volta das politicas da educação [riso] mas não utilizo com essa, nessa perspectiva.
Sou muito selectiva na autorização dada a convites para amigos e não aceito qualquer pessoa para fazer parte da minha lista… quero poder estar à vontade para escrever… mesmo em termos familiares não daria autorização a qualquer pessoa… nunca daria autorização à minha mãe [risos]
Uma outra utilização que não suporto é o farmville… não se aguenta!

4. Expectativas do entrevistado(a) sobre a utilização das redes sociais no ensino
[utilização das redes sociais numa perspectiva pedagógica]
Pode mas considero que se calhar há outrossss meios de o fazer aaa…
Poderia, em vez de eu ter uma página só pessoal minha, poderia ter uma página do serviço especializado dos apoios educativos, e estar aberta a todos os meus colegas e, poder ter um espaço de troca e interacção aaaa do ponto de vista pedagógica e irmos construindo documentos, é possível, isso é qualquer coisa que…
Nunca tinha pensado nisso, estou a pensar nisso alto agora que estamos a conversar. Que de alguma forma fazemos utilizando o Gmail, em que os documentos andam para cá e para lá. Portanto, se calhar foi por isso que nunca senti necessidade de [utilizar as redes sociais], mas é possível, claro.
Deixa-me só acrescentar
As novas tecnologias são ainda… não são comuns ou nem todos os docentes, pelo menos do meu grupo, estão no mesmo nível, apesar de tudo, todos os docentes do meu grupo, trabalham com correio electrónico com alguma facilidade e o mesmo já não acontece relativamente a uma plataforma de outra natureza portanto isso implicaria também fazer alguma formação com as pessoas ou q elas tivessem alguma disponibilidade para… portanto utilizo aquela que me é mais prática
Poderiam [silêncio] poderiam eu não sei e isso está por estudar [silêncio] se calhar muitas investigações surgirão agora aaa porque isto foi tudo muito rápido [silêncio] não sei quem são, quais são as motivações das pessoas que utilizam mais este tipo de redes e portanto, não sei se o trabalho estará inscrito numa expectativa q tenham

[vantagens para os alunos a utilização das redes sociais]
Claro, claro
Mais q n seja porque ao contrário do que as grandes criticas, a utilização da internet se assumem como um espaço em que os alunos deixam de escrever manuscrito e passam-no a fazer com outro tipo de linguagem, com outro tipo de sintaxe, se quisermos, e de ortografia, mas p mim é tudo muito importante porque desde que comuniquem de forma escrita e que seja perceptível para o outro, e sobretudo eu, que trabalho com educação especial. Se eles forem capazes de fazerem isso já estão a fazer bastante, portanto isso é uma das coisas que eu incentivo bastante, é a troca de mensagens, escritas da forma como eles conseguirem nem que seja a utilização de uma imagem, se trocarem uma imagem, eu já fico satisfeita mas [pausa] Confesso que trabalho com um público muito especifico.

[vantagens da utilização das redes sociais no ensino]
Eu Não observo porque não as utilizo
Uma grande vantagem é a comunicação rápida, esteja a pessoa onde estiver e portanto à distância, imaginemos um aluno que está doente e não pode ir a uma aula e portanto compensá-lo de alguma forma e poder-lhe passar materiais e, poder-lhe passar aspectos que ele perdeu e poder ter
Com os professores a mesma coisa, é possível fazermos programação, fazermos articulação no conselho de turma via Facebook. Provavelmente muitas das reuniões que são feitas de conselho de turma, que acabam por ter que ser presenciais, onde não se trabalha muito [riso], trabalhar-se-ia muito mais, do ponto de vista teórico, se pudéssemos fazer todos no conforto do lar, no quentinho, na casa de cada um, com o equipamento de cada um, portanto nesse aspecto eu acho que tem uma grande vantagem.
Desvantagem não encontro.
É assim, passam-me algumas mas que se prendem, se calhar, até com a desonestidade que é o facto de, sendo documentos que são passados já à produção escrita, o autor não ser aquele autor que, que se assume como o autor, mas ter sido copiado a alguém. Mas isso acontece também agora porque um trabalho escrito nada garante que aquilo é, que pertence àquele autor, não é?