Investigação Aplicada sobre o Desenho (design-based research) (DBR) é uma metodologia de investigação desenvolvida como uma forma de melhorar as práticas educativas através de pesquisas prévias, levadas a cabo no terreno, em contexto real, com a colaboração directa de investigadores e professores.
Segundo Design-Based Research Collective (2003) “design-based research can help create and extend knowledge about developing, enacting, and sustaining innovative learning environments.”
As cinco características básicas da DBR, segundo Wang e Hannafin (2005), são: “Pragmatic, Grounded, Interactive, iterative and flexible, Integrative, and Contextual” (p. 7).
- Pragmática porque tem como objectivos solucionar problemas reais, criando, através de processos de investigação, tanto ferramentas como teorias;
- Fundamentada na teoria e no contexto real;
- Interactiva por requerer a colaboração entre pesquisadores e profissionais; iterativa e flexível por ao longo da investigação as teorias e intervenções sofrerem constantes mudanças e melhorias;
- Integradora porque os investigadores utilizam vários métodos e abordagens de investigação;
- Contextualizada porque os resultados da investigação são “connected with both the design process through which results are generated and the setting where the research is conducted” (Wang & Hannafin, 2005, p. 11).
A DBR não se limita a investigar mas também a propor novas práticas educativas e a apresentar os seus resultados. Segundo Edelson (2002) a DBR pode gerar três tipos de teorias: Domínio das Teorias, que descrevem as situações de aprendizagem e suas interacções; Quadro de Design, que fornece orientações para um projecto e Metodologias do Design, que servem de directrizes para a implementação do projecto e pelas suas características iterativas podem servir de base a novos projectos.
Podem-se identificar como benefícios da DBR a sua contribuição prática, a contribuição teórica em contextos reais, uma melhor relação entre a teoria e a prática e entre os investigadores e os profissionais, melhorar e gerar reclamações baseadas em evidências sobre a aprendizagem e providenciar um conjunto de ferramentas metodológicas úteis a investigadores interessados em perceber as variáveis num contexto educacional real.
As perspectivas críticas deste modelo prendem-se com a ausência de padrões que identifiquem quando um projecto deve ser abandonado, estar sob-conceituado, poder produzir um excessivo número de dados e de análise de dados e a dificuldade em fazer generalizações entre os participantes.
Conselhos para se iniciar uma DBR
1. Identificar um problema significativo enfrentado por qualquer elemento de uma comunidade educativa
2. Colaborar com os profissionais pois duas características distintivas do processo de DBR são estar centrada em contextos do mundo real e trabalhar em estreita colaboração com as partes interessadas nessas definições
3. Integrar teoria sólida sobre aprendizagem e ensino, a teoria pode variar dependente da natureza do problema
4. Realizar revisão da literatura, análise das necessidades, etc para gerar questões de pesquisa
5. Design de Intervenção Educacional, dando inicio ao processo de resposta ao problema identificado, a intervenção educacional fundamentada num sólido quadro teórico é concebida e aplicada em contexto real sendo assim testada. Segundo Joseph (2004), “design researchers generally target questions central to the design of the intervention itself” (p. 236).
6. Desenvolver, implementar e rever o projecto de intervenção.
7. Avaliar o impacto da intervenção.
8. Iterar o processo. Como mencionado por Cobb et al. múltiplas fontes de dados, observações, entrevistas, inquéritos e outras documentações irão resultar em "rigorosas, empiricamente fundamentadas alegações e afirmações" (p. 12).
9. Relatar DBR. É importante relatar o processo de investigação, dando assim a conhecê-lo, pois é susceptível de constantes evoluções. Ao relatar projecto de investigação, os investigadores precisam considerar, incluindo (a) metas e os elementos do design, (b) ambientes educativos, (c) uma descrição de cada fase, (d) resultados e conclusões e (e) lições aprendidas (Collins et al., 2004).
Referências Bibliográficas
Cobb, P., Confrey, J., deSessa, A., Lehrer, R., & Schauble, L. (2003). Design experiments in educational research. Educational Researcher, 32(1), 9-13.
Collins, A., Joseph, D., & Bielaczyc, K. (2004). Design research: Theoretical and methodological issues. The Journal of the Learning Sciences, 13(1), 15-42.
Design-Based Research Collective. (2003). Design-based research: An emerging paradigm for educational inquiry. Educational Researcher, 32(1), 5-8.
Edelson, D. C. (2002). Design Research: What we learn when we engage in design. Journal of the Learning Sciences, 11(1), 105-121.
http://projects.coe.uga.edu/dbr/explain01.htm#references consultado em Fev. 2010
Joseph, D. (2004). The practice of design-based research: Uncovering the interplay between design, research, and the real-world context. Educational Psychologist, 39(4), 235-242.
Wang, F., & Hannafin, M. J. (2005). Design-based research and technology-enhanced learning environments. Educational Technology Research and Development, 53(4), 5-23.