Os métodos de entrevista, pelas suas características de proximidade entre entrevistado e investigador, permitem a obtenção de informações e elementos de reflexão muito mais ricos do que com o uso do método por questionário.
O facto da entrevista decorrer frente-a-frente, e a conversa poder ser conduzida e orientada pelo investigador, facilita que o entrevistado exprima percepções, relate acontecimentos e experiências e, que o investigador consiga centrar os seus esforços nas hipóteses de trabalho. Assim, "o conteúdo da entrevista será objecto de uma análise de conteúdo sistemática, destinada a testar as hipóteses de trabalho" (Quivy e Campenhoudt, 1995, p. 192)
Existem vários tipos de entrevistas:
A entrevista semidirectiva, ou semidirigida, normalmente a mais utilizada na investigação social, é orientada por perguntas-guias, relativamente abertas, sobre as quais o investigador tenta receber uma informação por parte do entrevistado. As perguntas-guias são colocadas pela ordem que a conversa, entre ambos, encaminhar. Este tipo de entrevista é mais uma conversa moderada pelo entrevistador.
A entrevista centrada (focused interview) é mais utilizada quando o objectivo se prende em analisar o impacto de um acontecimento ou de uma experiência vivenciada ou assistida pelo entrevistado. O entrevistador tem uma lista de tópicos precisos relativos ao tema em estudo e no decorrer da entrevista vai abordando-os da forma como se desenrolarem ao longo da conversa.
Se por outro lado o objectivo for a análise de histórias de vidas utiliza-se um método de entrevistas extremamente aprofundado e pormenorizado, aplicado a poucos interlocutores, sendo assim, estas muito mais longas e divididas em várias sessões.
Segundo Quivy e Campenhoudt as entrevistas são adequadas para objectivos:
A análise do sentido que os actores dão às suas práticas e aos acontecimentos com os quais se vêem confrontados;
A análise de um problema específico;
A reconstituição de um processo de acção, de experiências ou de acontecimentos do passado.
A entrevista, segundo Quivy e Campenhoudt (1995), tem como principais vantagens o grau de profundidade que se consegue obter dos elementos em análise e a flexibilidade e a fraca directividade do dispositivo que permite recolher os testemunhos e as interpretações dos interlocutores.
Por outro lado, esta flexibilidade também é considerada uma desvantagem, pois pode intimidar todos os que não conseguirem trabalhar sem directivas técnicas precisas.
Também é apontada pelos referidos autores, como desvantagem para o uso das entrevistas o facto de, contrariamente ao método por questionário, as informações recolhidas não se apresentarem prontas para efectuar análises particulares. Deste modo, os métodos de recolha e de análise das informações devem ser construídos conjuntamente.
Outra limitação detectada na aplicação de entrevistas, e ainda ligada à sua flexibilidade enquanto método, é o facto de se poder acreditar numa completa espontaneidade do entrevistado e numa total neutralidade do investigador.
Em investigação social a utilização do método por entrevistas está sempre ligada ao método de análise de conteúdo.
Para aplicar o método, o investigador deve estar apto para retirar o máximo de elementos interessantes da entrevista, valendo-se da sua formação teórica e lucidez epistemológica, mais concretamente, do conhecimento teórico e prático elementar dos processos de comunicação e de interacção interindividual, e formação prática nas técnicas de entrevista.
Existem vários tipos de entrevistas: não estruturadas, estruturadas; face a face e telefónicas.
As entrevistas face a face ou directas têm como vantagens poder-se alterar, adaptar ou adoptar as questões consoante o caminho que a "conversa" levar; conseguir percepcionar-se algumas pistas não verbais e poder-se clarificar duvidas que poderão surgir. No entanto, é um método caro, com limitações geográficas, que necessita de alguns cuidados em termos de fiabilidade, ou seja, o investigador tem de conseguir um certo distanciamento e nunca fazer juízos de valor, que podem constranger o entrevistado e alterar os resultados, para além de ser um método em que a confidencialidade é muito dificilmente assegurada.
As entrevistas telefónicas têm como vantagens evitarem algum desconforto que pode existir nas entrevistas face a face e conseguir-se efectuar um elevado número de chamadas por dia. Porém, nas entrevistas telefónicas os entrevistados tendem a dar respostas mais curtas ou simplesmente desligar a chamada e não responder.
As entrevistas não estruturadas podem ser úteis numa fase exploratória, ajudam a desenvolver melhor os quadros teóricos e a desenvolver melhor questionários e entrevistas estruturadas. Enquanto que as entrevistas estruturadas poupam tempo e contribuem para codificar a informação.
Ao optar-se por o método por entrevista e antes de construir um guião de entrevista é necessário:
- decidir o que se pretende;
- questionar o que é necessário, se o método será a melhor forma de recolher a informação pretendida;
- delinear um esquema de questões;
- escolher o tipo de entrevista;
- refinar as questões;
- considerar posterior análise das respostas.
Depois do guião elaborado será aconselhável:
- testar o esquema e revê-lo se necessário;
- evitar parcialidade;
- seleccionar os entrevistados;
- marcar as entrevistas;
- requerer autorizações hierárquicas;
Ao realizar a entrevista o investigador deve:
- indicar claramente o objectivo da entrevista;
- controlar e tentar manter o tempo previsto para a sua duração;
- verificar exactidão de dados com o entrevistado;
- requerer autorização caso opte por gravação de voz e/ou vídeo;
- ser honesto e usar de bom-senso
Fontes:
BELL, J. Como Realizar um Projecto de Investigação. Lisboa: Gradiva, 1997
QUIVY, Raymond ; VAN CAMPENHOUDT, Luc — Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva, 2008
http://www.uac.pt/~jpedro/medoogia_investigacao/200809/cap6.ppt (consultado Novembro 2009)
Como estudante do curso de jornalismo entendo que a profissão, vive-se todos os dias na busca de informação em tempo real para o interesse do público...
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