Pegando nos princípios fundamentais de uma investigação, apresentados por Quivy e Campenhoudt (2008), podemos dividir uma investigação em três grandes fases, sub-divididas em sete etapas:
1. Ruptura
- Pergunta de partida
- Exploração
- Problemática
2. Construção
- Problemática
- Construção do modelo de análise
3. Verificação
- Observação
- Análise das Informações
- Conclusões
A fase da Ruptura é onde o investigador "deve" quebrar preconceitos e falsas evidências que dão a ilusão de compreensão das coisas. Na fase de Construção, pretende-se que o investigador consiga definir as proposições explicativas do fenómeno a estudar, delinear o plano de pesquisa e as operações e, prever as consequências esperadas. A ultima fase, a da Verificação, pretende que através da verificação dos dados se possa inserir a investigação no estatuto científico.
Penso que estas três fases podem ser consideradas comuns a qualquer paradigma seguido pelo investigador, sendo depois, diferenciada nas etapas a seguir, nomeadamente nas metodologias utilizadas e métodos aplicados.
A etapa mais importante e fundamental, na construção de uma investigação, é a pergunta de partida. Investigar é procurar o (um melhor) conhecimento e para isso devemos definir muito bem um fio condutor, evitando desvios e angústias, mesmo que este seja provisório e reformulado numa etapa seguinte.
Uma boa pergunta de partida deve ser: (i) clara, por forma a evitar-se várias interpretações da mesma; (ii) exequível, ou seja, realista principalmente no que respeita aos recursos pessoais, materiais e técnicos; (iii) e pertinente, evitando cair em juízos de valor mas sim, tentando compreender. Para isso, a pergunta deve ser "aberta", dando espaço a várias respostas e não a uma resposta preconcebida; deve abordar o estudo do que existe ou já existiu, e não do que se prevê que vá existir.
A segunda etapa, a da Exploração, vem dar consistência à pergunta formulada através de um trabalho de leituras, entrevistas ou outros métodos exploratórios. Com as leituras o investigador mune-se de informações já recolhidas por outras investigações sobre o tema de estudo, seguindo ou alterando as correntes de pensamento. Nesta prática é comum o investigador se perder com muitas informações e portanto é essencial seleccionar-se criteriosamente um pequeno número de leituras, que sejam proveitosas, que estimulem a reflexão crítica e a imaginação do investigador. As entrevistas podem ser úteis como complemento das leituras, pois podem permitir ao investigador um primeiro contacto com/ sobre os objectos de estudo, de uma forma não directiva, em forma de conversa, permitindo assim novas ideias.
No final desta fase o investigador pode reformular a sua pergunta de partida.
A terceira fase, a Problemática, diz respeito à forma como o problema vai ser abordado e, pode-se desenvolver em dois momentos: na realização de um balanço das problemáticas possíveis partindo dos estudos exploratórios e, na escolha do quadro teórico que sustenta a investigação.
A quarta etapa, a da Construção do modelo de análise, consiste em definir as dimensões e os indicadores dos conceitos e, levantar hipóteses.
A quinta etapa, a Observação, compreende o conjunto de procedimentos que vão confrontar o modelo de análise com os dados observáveis. A escolha do método utilizado nesta etapa depende das hipóteses levantadas e que tipo de informações pretendemos recolher de modo a recolher dados pertinentes.
A sexta etapa, a da análise das informações, trata a informação recolhida na fase anterior com vista a comparar os resultados obtidos com os esperados a partir das hipóteses.
Na última etapa, a das conclusões, é apresentado o resultado da investigação seguindo três fases: apresentação da retrospectiva dos procedimentos adoptados, dos contributos para o conhecimento originados pelos estudo e, das considerações de ordem prática.
Quivy, R., Campenhoudt, L. V. (2008). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva.