sexta-feira, 30 de outubro de 2009

ETAPAS DO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO

Pegando nos princípios fundamentais de uma investigação, apresentados por Quivy e Campenhoudt (2008), podemos dividir uma investigação em três grandes fases, sub-divididas em sete etapas:

1. Ruptura

  • Pergunta de partida
  • Exploração
  • Problemática

2. Construção

  • Problemática
  • Construção do modelo de análise

3. Verificação

  • Observação
  • Análise das Informações
  • Conclusões

A fase da Ruptura é onde o investigador "deve" quebrar preconceitos e falsas evidências que dão a ilusão de compreensão das coisas. Na fase de Construção, pretende-se que o investigador consiga definir as proposições explicativas do fenómeno a estudar, delinear o plano de pesquisa e as operações e, prever as consequências esperadas. A ultima fase, a da Verificação, pretende que através da verificação dos dados se possa inserir a investigação no estatuto científico.
Penso que estas três fases podem ser consideradas comuns a qualquer paradigma seguido pelo investigador, sendo depois, diferenciada nas etapas a seguir, nomeadamente nas metodologias utilizadas e métodos aplicados.
A etapa mais importante e fundamental, na construção de uma investigação, é a pergunta de partida. Investigar é procurar o (um melhor) conhecimento e para isso devemos definir muito bem um fio condutor, evitando desvios e angústias, mesmo que este seja provisório e reformulado numa etapa seguinte.
Uma boa pergunta de partida deve ser: (i) clara, por forma a evitar-se várias interpretações da mesma; (ii) exequível, ou seja, realista principalmente no que respeita aos recursos pessoais, materiais e técnicos; (iii) e pertinente, evitando cair em juízos de valor mas sim, tentando compreender. Para isso, a pergunta deve ser "aberta", dando espaço a várias respostas e não a uma resposta preconcebida; deve abordar o estudo do que existe ou já existiu, e não do que se prevê que vá existir.
A segunda etapa, a da Exploração, vem dar consistência à pergunta formulada através de um trabalho de leituras, entrevistas ou outros métodos exploratórios. Com as leituras o investigador mune-se de informações já recolhidas por outras investigações sobre o tema de estudo, seguindo ou alterando as correntes de pensamento. Nesta prática é comum o investigador se perder com muitas informações e portanto é essencial seleccionar-se criteriosamente um pequeno número de leituras, que sejam proveitosas, que estimulem a reflexão crítica e a imaginação do investigador. As entrevistas podem ser úteis como complemento das leituras, pois podem permitir ao investigador um primeiro contacto com/ sobre os objectos de estudo, de uma forma não directiva, em forma de conversa, permitindo assim novas ideias.
No final desta fase o investigador pode reformular a sua pergunta de partida.
A terceira fase, a Problemática, diz respeito à forma como o problema vai ser abordado e, pode-se desenvolver em dois momentos: na realização de um balanço das problemáticas possíveis partindo dos estudos exploratórios e, na escolha do quadro teórico que sustenta a investigação.
A quarta etapa, a da Construção do modelo de análise, consiste em definir as dimensões e os indicadores dos conceitos e, levantar hipóteses.
A quinta etapa, a Observação, compreende o conjunto de procedimentos que vão confrontar o modelo de análise com os dados observáveis. A escolha do método utilizado nesta etapa depende das hipóteses levantadas e que tipo de informações pretendemos recolher de modo a recolher dados pertinentes.
A sexta etapa, a da análise das informações, trata a informação recolhida na fase anterior com vista a comparar os resultados obtidos com os esperados a partir das hipóteses.
Na última etapa, a das conclusões, é apresentado o resultado da investigação seguindo três fases: apresentação da retrospectiva dos procedimentos adoptados, dos contributos para o conhecimento originados pelos estudo e, das considerações de ordem prática.


Quivy, R., Campenhoudt, L. V. (2008). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Fluxograma Etapas do Processo de Investigação

Produzido pelo grupo Miperusa

PARADIGMAS DA INVESTIGAÇÃO EM EDUCAÇÃO

No Séc. XIX o Positivismo tornou-se no modelo único e global, onde conhecer significava quantificar, ou seja, tudo o que não fosse quantificável passava a ser irrelevante.

Grande parte das investigações em Educação pautaram-se por este modelo, e trouxeram avanços significativos na forma como encaramos o ensino, a aprendizagem e a educação mas tornou-se muito limitativa, principalmente quando os investigadores se começaram a interessar pela forma do pensamento cognitivo. Havia a necessidade de recorrer à observação, de submeter os sujeitos a entrevistas e de registar as suas formas de pensamento.

As análises de Kuhl (1970) foram responsáveis pela mudança de paradigma por o anterior se mostrar incapaz de resolver ou responder a problemas que se iam colocando. Apareceu assim a investigação qualitativa (também conhecida como interpretativa), dando mais importância aos pormenores descritivos.

No paradigma qualitativo são consideradas várias interpretações da realidade, consoante o número de investigadores que a interpretam.

Os modelos utilizados entre os dois métodos de investigação, quantitativa e qualitativa, também diferem. Pode-se afirmar que o objectivo primordial da investigação quantitativa é generalizar os dados obtidos a toda a população e para isso, utiliza métodos estatísticos. Na investigação qualitativa recorre-se mais à participação observante e à entrevista em profundidade.

Tentando aprofundar as formas de pesquisa qualitativa, Godoy (1995) identifica três diferentes possibilidades de abordagem:

  1. a pesquisa documental, com a análise de materiais ainda não tratados analiticamente ou reexaminados com o intuito de uma nova interpretação. Esta abordagem é muito utilizada quando se pretende estudar pessoas a que não temos acesso físico, ou por estarem distantes ou terem morrido;
  2. o estudo de caso, onde se faz uma análise aprofundada de uma unidade de estudo visando o exame detalhado de um ambiente, de um sujeito ou de uma situação em particular;
  3. a etnografia, oriunda da Antropologia tem-se destacado como uma das mais importantes abordagens. Este método envolve o contacto directo do investigador, utilizando técnicas de observação, participação nas actividades e contacto directo com o objecto de estudo.

Muitos teóricos e investigadores consideram que a combinação entre os métodos quantitativo e qualitativo, numa investigação, são uma mais valia. Para Duffy (1987) os benefícios traduzem-se na possibilidade de:

  1. complementar controle dos desvios (quantitativa) com compreensão da perspectiva dos agentes envolvidos no fenómeno (qualitativa);
  2. juntar identificação de variáveis específicas (quantitativa) com uma visão global do fenómeno (qualitativa);
  3. completar um conjunto de factos e causas associados à metodologia quantitativa com uma visão de natureza dinâmica da realidade;
  4. enriquecer constatações obtidas sob condições controladas com dados obtidos dentro do contexto natural da sua ocorrência;
  5. reafirmar a validade e confiabilidade das descobertas pelo emprego de técnicas diferenciadas.

Na investigação contemporânea em educação não se colocou de parte nenhum destes paradigmas, no entanto, cada vez mais é utilizada a investigação qualitativa que segundo Bogdan (1994) se caracteriza por cinco pontos: (i) a fonte directa de dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento principal; (ii) é descritiva; (iii) os investigadores interessam-se mais pelo processo do que simplesmente pelos resultados ou produtos; (iv) os investigadores tendem a analisar os seus dados de forma indutiva e (v) o significado é de importância vital na abordagem qualitativa.


O terceiro paradigma é o Sócio-crítico, que segundo Bravo (1998) se baseia-se nos seguintes pressupostos: (i) nem a ciência nem os procedimentos metodológicos empregues são “assépticos” puros e objectivos. A investigação constrói-se a partir das necessidades naturais da espécie humana e depende das condições históricas e sociais. A ciência é apenas um tipo de conhecimento entre outros; (ii) o tipo de explicação da realidade que oferece a ciência não é objectiva nem neutral. De acordo com as teorias do conhecimento de Habermas o conhecimento humano possui três interesses: técnico, prático e emancipatório; (iii) é a ideologia que possibilita a compreensão do real de cada indivíduo, descobrindo os seus verdadeiros interesses. A emancipação realiza-se nos aspectos libidinal, institucional e ambiental.

BOGDAN, R., BIKLEN, S. (1994) – Investigação Qualitativa em Educação. Colecção Ciências da Educação. Porto: Porto Editora, 1994.
BRAVO, C.; EISMAN, B. (1998) – Investigación Educativa. 3ª Ed. Sevilha: Ediciones Alfar, 1998.
DUFFY, Mary E., Methodological triangulation: a vehicle for merging quantitative and qualitative research methods, In Journal of Nursing scholarship, 19(3), 1987, p. 130-133
GODOY, Arilda S., Pesquisa qualitativa - tipos fundamentais, In revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 3, Mai/Jun. 1995, p. 20-29
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-32831997000200004&script=sci_arttext&tlng=pt (acedido em 20/10/09)
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/ichagas/mi2/Fernandes.pdf (acedido em 22/10/09)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

INTRODUÇÃO

Este blogue tem o intuito de acompanhar o percurso realizado no âmbito da Unidade Curricular de Metodologias de Investigação em Educação, do Mestrado em Comunicação Educacional Multimédia, pela Universidade Aberta.
Neste espaço conto anotar comentários pessoais sobre leituras e pesquisas realizadas, além de reflexões sobre o trabalho desenvolvido.
  • Investigação: Indagação ou pesquisa que se faz descobrindo, examinando e interrogando. (Fonte: Priberam)

Sequência das Actividades de Aprendizagem

Tema 1: O processo de investigação
Actividade 1 : O processo de investigação
Decorre entre dias 7 e 31 de Outubro
Competências a desenvolver:
- Realizar pesquisas e analisar bibliografia sobre o processo de investigação
- Analisar criticamente um relatório de investigação
- Caracterizar vários métodos de investigação em educação
- Reflectir e debater sobre as etapas do processo de investigação
-Argumentar de forma sustentada sobre diferentes métodos de investigação.
Descrição:
1º) Pesquisa e estudo individual;
2º) Análise (individual ou em equipa) de uma dissertação de mestrado
3º) Organização em equipa de um fluxograma relativo às etapas de uma investigação
4º) Discussão em fórum dos fluxogramas produzidos; debate sobre as etapas do processo de investigação; debate sobre os métodos de investigação em educação. A discussão decorre entre os dias 26 e 31 de Outubro.

Tema 2: A recolha de dados numa investigação
Actividade 2 : Métodos e instrumentos de recolha de dados
Decorre entre dias 2 de Novembro 2009 a 2 de Janeiro 2010
Competências a desenvolver:
- Pesquisar e debater métodos e intrumentos de recolha de dados
- -Analisar criticamente os métodos e instrumentos de recolha de dados de um relatório de dissertação
-Analisar criticamente um relatório de investiação
- Aplicar instrumentos de recolha de dados
-Argumentar de forma sustentada sobre métodos e instrumentos de recolha de dados
Descrição:
1º) Pesquisa individual e de equipa: Visão global - questionários, entrevistas, observação.
2º) Análise individual ou em equipa sobre a utilização do questionário numa dissertação
3º) Debate em fórum geral sobre metodos quantitativos de recolha de dados
4º) Pesquisa individual e de equipa sobre a utilização da entrevista e técnicas da entrevista
5º) Preparação em equipa do guião para uma entrevista
6º) Discussão em fórum dos guiões produzidos pelas equipas e elaboração de um guião comum a todos os participantes
7º) Realização de entrevistas no terreno.

Tema 3: A análise de dados
Actividade 3 : Processos de análise de dados
Decorre entre dias 4 de Janeiro a 5 de Fevereiro
Competências a desenvolver:
- Pesquisar e debater processos de análise de dados (quantitativa qualitativa).
- -Analisar criticamente o processo de análise de dados de um relatório de dissertação
-Analisar criticamente um relatório de investiação
- Aplicar técnicas de análise de dados
-Argumentar de forma sustentada sobre processos e técnicas de análise de dados.
-Discutir a fiabilidade de uma investigação
Descrição:
1º) Discussão, em fórum geral, sobre a análise do tratamento de dados efectuado numa dissertação.
2º) Transcrição das entrevistas efectuadas
3º) Discussão em fórum sobre a análise de entrevistas
4º) Análise e interpretação em equipa das entrevistas realizadas
5º) Discussão geral em fórum sobre a discussão de resultados numa investigação e sobre a fiabilidade de uma investigação.

Tema 4: Problemáticas de investigação em Comunicação Educacional
Actividade 4 : A revisão da literatura e o estado da arte
Decorre entre dias 7 e 18 de Fevereiro
Competências a desenvolver:
-Realizar pesquisas relevantes e seleccionar a informação relevante para os fins em vista
-Proceder a uma revisão da literatura sobre um dado campo, analisando criticamente a informação pesquisada
Descrição:
1º)Pesquisa pessoal sobre investigações realizadas no âmbito da Comunicação Educacional
2º) Discussão, em fórum geral, sobre as problemáticas de investigação em Comunicação Educacional.